quinta-feira, 15 de julho de 2010

PERTURBAÇÕES

Me apego de fazer traquinagens,
Andar por aí ao sabor do vento,
Pisar em chão verde, pecado mortal,
Como dia desses será, nadar no rio ou no mar.

Me ressinto dos transgressores,
Por onde será que andam?
Sábios seres que se inquietam,
Diante de ditames insanos.

(Desta gente que segue sem saber o que,
Apenas segue dado que lhe é dito:
Siga!)

Me inquieta a tal certeza perene,
Que bate na mesa e decreta o certo e o errado,
Que referencial te guias neste teu pensar?
Quem o senhor que teu olhar vigia?

Quem este senhor que nos poda?
De que serve esta certeza loquaz?
A mim caminho de dúvidas,
Neste ver de chão que percorre o caminho que faço.

Frutos que busco nesta sementeira,
Pensares, perguntas, ações,
Perturbações que inquietam vida,
Perturbações que pressentem vida.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

LIMITADO

Ando limitado.
Por todos os lados,
Por todos os flancos e arestas.
Se me olho no espelho,
Não me vejo!
A imagem que nele reflete,
É o simples...não sou!

Ouço uma música que não ecoa,
Não repercute, não discute!
Uma música blindada pelo...
Sei lá o quê!
E por que teria que saber?
É uma música singular,
Não se pretende,
Não se afirma,
Uma música que...não soa!

Livros, filmes, revistas,
Profanos, insanos, macabros,
Largados ao largo
Uma terra árida, infértil,
Semente, pungente, demente,
Indecente, que filme é este?
O filme do eu sozinho.
Limitado, isolado,
No meio invisível de uma multidão
Insensível.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SAUDADE

Há uma saudade silenciada no ar,
eu vejo o seu açoite logo ali,
lentamente se aproxima,
encontrando o corpo meu.

Há um brejo, há uma cruz,
um caminho feito de trevas,
(e quem disse que nas trevas não há luz?)
há um beijo solto no ar.

ele busca um caminho,
busca um destino,
e o beijo se perde no ar,
não há destino, amor não há.

carinho também não há,
a sedução deixou seu ninho,
e esta saudade que fica,
me poda devagarinho.

A FALTA QUE FAZ!

e você não sabe a falta que faz...
água de coco a dois,
o pôr do sol embriagando nós dois,
é! você não sabe a falta que faz!

luar de janeiro, de abril ou dezembro,
a brisa do mar,
um olhar, um veleiro,
que falta me faz a sua poesia.

ouvir a bethânia,
sinatra, chopin!
dois copos, um brinde,
dois corpos, nós dois!

que falta que faz,
eu e você,
num baile ao luar,
champagne, caviar!

êta falta danada!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

TRANSFORME

Brinco em teu corpo,
Encanto.
Sugo teu ventre,
E canto.
Disfarço teu gozo,
Em pranto.

Sugo-te em versos,
Busco teu dorso, disfarço.
Inclino-me à tua luz,
Invado a tua dor.

Despejo em ti volúpias,
Liberto o teu desejado grito,
Faço meu o teu rito,
Transformo em cor o jogo do teu amor!

sábado, 26 de abril de 2008

ARTIMANHAS

Artimanhas manhas pela manhã,

Cinza, azulada, ensolarada,

Ventosa, formosa, de rosas.

No pulo de delicada loba.

Brancas ou amarelas rosas,

Brandas, quentes, nervosas,

Agitam-se nas ondas de amar,

Profundas, profanas, ensopando o ventre.

Diabólicas e humanas,

Engolindo a gente!

Gentis e insolentes amantes,

Pueris e febris inocentes.

Febris da arte de ser,

Um mais um não mais que um,

Matiz do querer,

Dois num só ser.

Mãos frenéticas de si,

Lábios ofegantes, fumegantes,

Tremulando ao encontro etéreo,

De dedos, beijos, desejos.

Aplanos

Insanos,

Embriagados de um tinto,

Amor suburbano.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

DEDICADO

Eis-me aqui seu servo,
No quarto em que me encerro,
E me dedico e te suplico,
E me entrego ao teu prazer.

Eis-me aqui o teu morcego,
Tateando a noite cego,
Algemado em tuas amarras,
A serviço de tuas garras.

Eis-me aqui dedicado,
Atento aos teus podres desejos,
Rebento sedento de teus caprichos,
Voluntário fiel do seu açoite.